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23 de abril de 2024

Capacitação em Vigilância em Saúde debate perspectiva de “Uma Só Saúde” para prevenção e controle da doença de Chagas

Nos dias 10 e 11 de abril de 2024, a Secretaria Municipal de Saúde de São Luís de Montes Belos (GO), em parceria com o projeto IntegraChagas Brasil, realizou a oficina “Uma Só Saúde”. A capacitação foi ministrada pelas pesquisadoras do Instituto Oswaldo Cruz (IOC)/Fiocruz, Ana Maria Jansen, Samanta da Chagas Xavier e Valéria Trajano, pela consultora do Grupo Técnico de “Uma Só Saúde” da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (MS), Natiela Beatriz de Oliveira e pelo professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Dr. Alberto Novaes.

Durante os dois dias, agentes de combate de endemias e agentes comunitários de saúde, representantes das secretarias de Educação e Meio Ambiente da cidade goiana, bem como a equipe da Regional Estadual de Saúde Oeste II e lideranças comunitárias, tiveram a oportunidade de conhecer um pouco mais acerca da vigilância de base territorial, com reflexões sobre o conceito de “Uma Só Saúde”. Esta abordagem, de caráter integrado e unificador, reconhece que a saúde de seres humanos, animais domésticos e silvestres, plantas e o ambiente de forma mais ampla – incluindo os ecossistemas – estão intimamente ligados e interdependentes.

Segundo Natiela Oliveira, a abordagem “Uma Só Saúde” convida vários atores/atrizes sociais a trabalharem em conjunto para promover o bem-estar coletivo, discutindo as melhores estratégias, no território, para enfrentar ameaças à saúde e aos ecossistemas. A ideia é que todos sejam sensibilizados, por exemplo, quanto à necessidade coletiva de água, energia e ar limpos, alimentos seguros e nutritivos, e da adoção de medidas em relação às mudanças climáticas, de forma a contribuir para desenvolvimento sustentável.

Nessa perspectiva, para a pesquisadora do Laboratório de Biologia de Tripanossomatídeos (IOC/Fiocruz), Ana Maria Jansen, o conceito de “Uma Só Saúde”, enquanto resultado do cuidado de todos os seres vivos, engloba, mas vai muito mais além da doença de Chagas. “Uma coisa que está sendo resgatada é considerar que todos, até mesmo o triatomíneo, estão profundamente interconectados e interdependentes em uma rede de muitas dimensões e que, quando você mexe em um dos vértices dessa rede, tudo mais balança”, afirmou. “Além de um problema de saúde pública, a doença de Chagas é um modelo para se começar a pensar em um elemento de ‘Uma Só Saúde’, que poderá ser utilizada para qualquer outra parasitose”, completou.

Além da parte teórica, as pessoas participantes da oficina foram convidadas a ir a campo para (re)conhecer o ambiente a partir do conceito de “Uma Só Saúde”, em uma atitude orientada à desnaturalização do olhar cotidiano, reconhecendo interconexões entre as dimensões ambientes e o aparecimento da doença de Chagas.

Segundo o coordenador administrativo do Núcleo de Controle de Vetores da Secretaria de Saúde de São Luís de Montes Belos, João Silva, a capacitação trouxe uma experiência nova para ele que trabalha nesta área há 15 anos. “Hoje, a partir deste conceito, podemos pensar nosso trabalho integrando agentes de endemias, agentes comunitários de saúde, toda sociedade, para evitarmos o uso de veneno como exterminador, e buscar outras formas para estar combatendo o barbeiro que é o transmissor da doença de Chagas”, assegurou.